Quais seriam os efeitos práticos para uma organização se um líder, em vez de apenas mandar ou delegar, facilitasse a jornada dos membros da sua equipe rumo às soluções para os desafios cotidianos?
Essa postura, quando disseminada entre a liderança, significa que a empresa está disposta a sair de um modelo de gestão tradicional e engessado para adotar um sistema mais fluido e participativo.
É conhecida a crise no sistema de gestão tradicional.
Por outro lado, há evidências, práticas dos inúmeros benefícios advindos dessa segunda alternativa. O mundo moderno não deixa opções que não sejam passar para uma abordagem facilitadora do aprendizado e do desenvolvimento pessoal e profissional.
Se pensarmos, ainda, que há uma geração chegando no mercado de trabalho que teve uma experiência de vida escolar em que o professor atuou mais como um facilitador, podemos prever um enorme conflito de ideias e posturas com os modelos de gestão mais impositivos e provedores da verdade. A mudança de perspectiva é urgente.
Diante desse cenário, e também por ter vivido e implementado gestão humanizante na prática, desde 2002, afirmo com segurança que o desenvolvimento coach para as lideranças é uma aposta que vem revolucionando gradativamente as corporações.
Por que a liderança pode assumir uma postura coaching?
Para aprofundarmos a conversa aqui, convém uma breve explicação do que é o coaching. Gosto da definição do Timothy Gallwey, professor americano conhecido como um dos precursores dessa metodologia.
Coaching é destravar o potencial de uma pessoa para maximizar a performance dela. É ajudá-la a aprender em vez de ensiná-la.
Diferente de um treinador, que ensina determinadas habilidades, o coach estimula o pensamento do coachee para que ele chegue a uma solução para os problemas, atuando mais como um facilitador do processo.
Embora muitas vezes usadas como sinônimos, há diferenças entre coaching e mentoria. Enquanto o mentor é alguém mais experiente que dá conselhos com base em seu repertório em determinada área, o coach apoia-se em perguntas e feedbacks para facilitar o raciocínio da pessoa. Vale destacar também que, de modo geral, o apoio do mentor está ligado às ambições de vida da pessoa e objetivos de longo prazo. Já o coach pode trazer elucidações tanto para os objetivos de longo quanto para os de curto prazo.
Outra atividade também bastante confundida com a do coach é a do conselheiro. Esse geralmente tem expertise em determinada área e faz uma análise comportamental profunda do indivíduo para ajudá-lo com as suas aspirações no seu setor. O coach não precisa ter domínio sobre uma área específica.
Dada a definição das tarefas associadas ao coach, acho muito factível que os líderes possam incorporá-las às suas atividades de gestão de modo a estabelecer relações mais humanas no time e obter melhores resultados de seus liderados.
Os princípios do coaching, inclusive, podem ser usados pelo próprio líder para melhorar sua própria produtividade. O líder pode ainda estimular que dentro da sua equipe as pessoas trabalhem os conceitos de coaching umas com as outras para que todos possam constantemente lapidar suas habilidades, um processo que chamamos de peer coaching.
Esse é o espírito!
O segredo para ser um bom líder e coach
Um dos fatores preponderantes para que um líder seja também um bom coach e facilitador de processos dentro de seus times é o conhecimento das seis necessidades humanas porque é aí que reside a chave para a motivação.
Essas seis necessidades humanas que vou descrever foram popularizadas por Anthony Robbins, palestrante motivacional, coach e escritor norte-americano, com base na pirâmide de Maslow, proposta por Abraham Maslow ainda na década de 40. São elas:
#1 Segurança
As pessoas querem ter segurança na vida não apenas relacionadas às suas necessidades básicas como comida, alimentação, moradia, trabalho e relacionamentos. No campo da liderança coaching, a segurança psicológica é fator primordial.
#2 Variedade
Somos seres que nos entendiamos quando envolvidos em atividades cíclicas e precisamos repetir tudo de novo. Quanto menos monotonia, melhor. Além disso, é importante saber que as pessoas apreciam novas experiências em diferentes aspectos da vida. Novos desafios, compatíveis com o grau de maturidade de cada colaborador serão muito bem-vindos.
#3 Significância
Todos querem ser reconhecidos por seus esforços e se sentir importantes. Reconhecimento, formal e informal.
#4 Amor e conexão
Diferente de outros seres vivos, nós precisamos amar, ser amados e fazer conexões na vida. Empatia, compaixão, equidade e ética.
#5 Contribuição
O sentimento de produzir algo relevante para a vida dos outros é importante para os seres humanos. Evidenciação da contribuição de cada membro da equipe, por menor que seja, para que todos entendam que o resultado coletivo é maior do que a soma das partes de cada um.
#6 Crescimento
Temos todos a necessidade de crescer e melhorar o tempo todo para nos adaptarmos às rápidas mudanças. Como seres evolutivos que somos, necessitamos perceber os avanços enquanto nos entusiasmamos com o caminho.
Evidentemente, o conhecimento e a compreensão das necessidades humanas são apenas os pontos de partida do desenvolvimento coach para as lideranças. Há recursos e ferramentas a serem dominados e é importante, também, que o profissional manifeste um interesse genuíno pelo comportamento humano. Todos esses fatores juntos serão fundamentais para garantir o sucesso da empreitada.
Particularmente, acredito muito nesse modelo de gestão e creio que será um divisor de águas, um fator de diferenciação positiva para as empresas que estiverem dispostas a fazer esse movimento de mudança.
Vamos conversar sobre como levar o desenvolvimento coach para as lideranças dentro do seu negócio?
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