A elaboração ou a descoberta do propósito é um ato de elevada relevância para conseguirmos dar sentido a nossa vida. A construção de uma jornada vibrante e inspiradora começa com aquela visão onde encontramos a genuína motivação para dedicarmos energia, para solucionarmos problemas e até mesmo suportarmos algumas dores. Já se vão anos que, no exercício de minhas atividades, procuro ajudar pessoas a encontrar, ou mesmo estruturar seus propósitos. Confesso que foi mais recentemente que descobri algo que mudou completamente a minha forma de enxergar este processo.
Sempre quando perguntava qual o propósito de alguém, na maioria das vezes, recebia uma resposta que representava mais uma meta, um objetivo do que propriamente dito a verdadeira “RAZÃO DE SER” quem a pessoa de fato é. Um exemplo de resposta seria: “ser diretor de uma empresa multinacional dentro de 3 anos” ou, “construir a casa dos meus sonhos com uma cozinha ampla para receber amigos e parentes e cozinhar para eles até Dezembro de 202X”.
Absolutamente nada contra ambições mais materiais, muito pelo contrário, porém, embora ainda que cumpra o papel de alavanca motivadora, estes são na verdade objetivos a serem atingidos em um determinado ponto futuro alojados em uma camada mais superficial de nossa consciência. São, em essência, recompensas assemelhada a substâncias muito voláteis, não sustentáveis no longo prazo.
Um propósito de vida verdadeiro é resistente ao tempo e provê estrutura de sustentação para várias promoções ou bens materiais. Ao mesmo tempo, pode estar presente alicerçando projetos mais humanistas, altruístas muito distantes de aquisições materiais. Admite até a combinação das duas coisas em uma certa unidade de tempo, paralelamente ou em fases diferentes da vida. Um bom exemplo seria almejar e conquistar o sucesso profissional sustentado por elevados valores éticos em paralelo com o espírito de contribuição para ajudar a construir um mundo melhor para as novas gerações.
Em minha trilha auto humanizante, descobri que este verdadeiro propósito que carregamos, seja conscientemente ou mesmo inconscientemente, existe e está depositado em camadas mais profundas de nossa consciência, aquela porção humana que insistimos em negligenciar. No entanto, mesmo sem ter a mínima ideia, agindo automaticamente, vamos erraticamente caminhado em alinhamento com ele.
Melhor seria então deixar emergir esse valioso conteúdo para que tenhamos a chance de ser mais assertivos em nossos passos e não cambaleantes sujeitos a retrocessos desnecessários não é mesmo? Mas como podemos facilitar a elevação deste precioso conteúdo?
Se a maior parte das informações sobre nós está em camadas do inconsciente, então a nossa verdadeira “RAZÃO DE SER” também está em algum lugar por lá. Um dos caminhos para a sua descoberta é através da expressão não verbal. A linguagem é um fator humano de grande limitação, ela é constantemente dominada pela superfície consciencial impregnada pelas tentações impostas pela sociedade de consumo e pelas mentes brilhantes dos marqueteiros. No entanto, ela ainda será útil como amarração e perpetuação daquilo que surgiu por intermédio de uma criação artística precedente.
Qualquer tipo de expressão artística autêntica é marcada pela ausência de limites, amarrações e preconceitos. A medida que nos permitimos viajar em um processo criativo, vamos ao mesmo tempo dando luz às áreas da consciência humana ofuscadas por crenças limitantes, influências midiáticas, medos, culpas etc.
O processo acontece normalmente em grupo, podendo também ser conduzido individualmente. Começa com um momento de introspecção, uma atividade meditativa conduzida de modo a criar um clima onde os participantes gradativamente vão construindo mentalmente um sentimento de valor próprio entrando em contato com a principal razão de existir, refletindo sobre a questão: por que vale a pena? Depos dessa climatização partimos imediatamente para a expressão daquilo que emergiu em um desenho usando lápis de cor, giz de cera ou qualquer outro material que possibilite a realização da imagem que surgiu em uma folha de papel A3. A beleza estética será o elemento de menor importância, a busca essencial estará na expressão da verdade genuína, espontânea. Ao final então virá o compartilhamento, quando aí sim, lançamos mão da linguagem verbal alargada pela expansão da consciência para comunicar, sem filtros o seu conteúdo.
É realmente impressionante, vibrante e emocionante a reação da maioria das pessoas que passam por essa atividade criativa, principalmente quando conduzida em grupo. É a essência humana exposta em sua versão mais pura. Um processo de identificação, sensibilização e colaboração mútua. Na maioria dos casos é possível notar o despertar para a verdadeira porção do PROPÓSITO DE VIDA de cada um. E o melhor de tudo é que este fica registrado em uma obra de arte única e pessoal que poderá ser compartilhada e acessada sempre que necessário para construção de seus objetivos no curto, médio e longo prazo.
Todos buscam algo a ser perseguido dentro de suas realidades, o verdadeiro propósito, quando desvendado, será a chama sempre acesa que aquecerá o coração de cada um em suas jornadas de vida.
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