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ESG: Entre o Retorno Financeiro e o Abraço à Vida

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“ESG não é sobre abraçar árvores.” A frase, dita na abertura de um painel sobre o tema em um evento de executivos, soou provocativa. No entanto, ao longo das discussões, o termo mais repetido foi R.O.I. — retorno sobre investimento. Essa coincidência me levou a refletir sobre os avanços e retrocessos na implementação efetiva de projetos que, em última instância, garantem a continuidade da vida humana.


Antes de tudo, é importante lembrar que ESG é uma sigla estrangeira: Environmental (meio ambiente), Social (relações humanas) e Governance (governança corporativa). O conceito propõe ampliar o olhar das empresas para além dos resultados financeiros, valorizando a preservação do planeta, a qualidade das relações e a ética na condução dos negócios.


Durante o painel, uma frase se destacou: “Primeiro é preciso garantir o retorno ao acionista, depois investir no que reduz impactos nas três dimensões do ESG.” Em outras palavras, cada projeto precisa provar sua viabilidade financeira. Se a iniciativa busca reduzir o consumo de água, por exemplo, a economia gerada deve justificar o custo da implantação. Essa lógica cria uma barreira: coloca a preservação da vida e o retorno monetário em lados opostos da balança.


Com formação financeira, compreendo bem a mentalidade do investidor. Ele busca rentabilidade, avalia riscos e considera a liquidez. Dentro das empresas, projetos competem por aprovação nos comitês de investimento. Assim, propostas voltadas à sustentabilidade e à ética disputam espaço com iniciativas de inovação e expansão de mercado. O resultado é previsível: o que promete retorno rápido tende a ser priorizado.


Há ainda o fator tempo. O R.O.I. é um indicador do passado — mostra o que já deu certo. As decisões de investimento, porém, olham para o futuro, baseando-se em expectativas e previsões. No painel econômico que antecedeu o de ESG, o cenário se repetiu: previsões pessimistas feitas anteriormente não se confirmaram, o presente é favorável, porém o futuro estimado segue sempre nebuloso e incerto. Diante disso, cresce o conservadorismo, e o capital se direciona ao que parece mais seguro e rentável.


O desfecho é conhecido: perpetua-se o modelo que desmata, polui, desperdiça e negligencia relações humanas, confiando apenas no bom senso individual para garantir comportamentos éticos.


Meu ponto é simples: ESG é, sim, “abraçar a árvore” — entendendo a árvore como símbolo da vida, do respeito e da integridade. Negar isso é perder de vista o que realmente sustenta nossa existência e a longevidade dos negócios.

 
 
 

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