Liderança Além do Testosterona-Driven: O Futuro Está no Feminino
- Laudio Nogues

- há 4 dias
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Texto inspirado no artigo de Sydney Finkelstein publicado na coluna BBC Capital.
“Há uma longa lista de CEOs que acabaram em grandes enrascadas por conta de seu egocentrismo, arrogância e excesso de autoconfiança.”
Ao longo da minha trajetória, encontrei inúmeras figuras que ascenderam de forma meteórica dentro das organizações e que carregavam traços de personalidade marcantes e surpreendentemente semelhantes. São profissionais que, em algum momento — muitas vezes pela observação do ambiente — aprenderam a liberar seus instintos mais profundos de sobrevivência e ambição, na mesma medida em que eram reconhecidos e recompensados por isso.
De modo geral, o código de liderança que ainda impera em muitas empresas continua ancorado na personificação do comando. Líderes são escolhidos para resolver problemas, enfrentar crises e, muitas vezes, “segurar a bronca”. Essa combinação é fértil para alimentar a mitologia do chamado “Macho Alfa” — o profissional assertivo, dono de respostas para tudo, carregado de uma autoconfiança tão elevada que, não raro, transborda em arrogância.
Entre todas as características desse perfil, vale destacar aquela que dialoga diretamente com o argumento central do artigo que inspirou esta reflexão: a predominância masculina. São, quase sempre, homens que dizem “sim” imediatamente a qualquer oportunidade que represente ascensão, poder, status, dinheiro ou prestígio. Como destaca o Professor e pesquisador Finkelstein, homens e mulheres reagem de forma distinta diante de novos desafios.
Em geral, homens assumem mais riscos, fazem mais barulho, pedem mais recursos e navegam com extrema desenvoltura por uma narrativa interna de merecimento absoluto. Às vezes, pecam pelo excesso: a mesma excentricidade que os transforma, num dia, em “white knights” ou “reis da cocada preta” pode, no outro, conduzi-los à famigerada “porta número 1” — a sala onde precisam explicar o caos instalado sob sua gestão.
As mulheres, por sua vez, tendem a adotar uma postura mais prudente e criteriosa. Avaliam requisitos, confrontam limitações e respondem com maior precisão ao convite sedutor de um novo desafio. Claro, há um lado B: quando esse padrão é levado ao extremo, pode ultrapassar o limite saudável e cair no território do medo e do conservadorismo.
Ainda assim, no balanço geral — e olhando especialmente para o modelo contemporâneo de liderança — a vantagem pende a favor delas.
As líderes mulheres estão, de maneira geral, mais próximas de uma abordagem humanizada: valorizam a escuta acolhedora, promovem o coletivo, compartilham ideias, dão espaço ao diálogo e tratam a comunicação como um ativo estratégico.
Além disso, revelam maior proximidade com os princípios da liderança baseada na inteligência emocional: autoconhecimento, presença, autorregulação, interação empática.
Como arremate, e parafraseando Pepeu Gomes — afinal, “somos todos masculinos e femininos” — deixo aqui um convite aos bem-sucedidos Homens com H maiúsculo:libertem sua feminilidade. Ela pode ser exatamente o que falta para uma liderança de excelência.




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